domingo, 13 de junho de 2010

O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO

No mundo globalizado cada vez mais se observa o sofrimento psíquico dos trabalhadores. Tal fato parece estar relacionado a uma carga excessiva de trabalho mental e de tarefas solicitadas ao profissional nas diversas áreas.




Por outro lado, o mundo da informática parece sugerir ao homem uma necessidade de rapidamente produzir mais e em algumas situações competindo com a máquina. Neste contexto se insere este trabalho monográfico. Procuramos investigar e desenvolver os motivos que levam o trabalhador a apresentar os sintomas do Estresse e da Síndrome de Burnout e verificando de que forma o pedagogo empresarial pode com a sua atividade profissional amenizar os possíveis danos e sofrimento gerado nos trabalhadores.



Para desenvolver a nossa pesquisa utilizamos a metodologia da revisão bibliográfica, buscando em teorias da área da saúde do trabalhador e da área de educação subsídio para a execução da nossa tarefa. Desta forma, entre os autores utilizados na pesquisa temos: Leny Satto e o seu conceito de penosidade, França e Rodrigues e a definição de estresse e a prevenção da Síndrome de Burnout e Bonz com a importância das competências que formam o pedagogo empresarial, onde estas competências irão contribuir não só para um bom desempenho no trabalho, resultando na melhoria da qualidade de vida do trabalhador.



Assim, no capítulo 1, procuramos situar ressaltando as mudanças constantes que estamos vivenciando, na sociedade contemporânea as transformações que o processo de trabalho vem apresentando e desta forma interferindo na saúde do trabalhador.



No capítulo 2, procuramos entender de que forma o profissional submetido a uma pressão e solicitação constante pode apresentar o sofrimento psíquico, principalmente quando se percebe “impotente” por não conseguir manter o ritmo e desempenho esperado, na sua atividade profissional. Este sofrimento poderá levá-lo ao estresse, e em algumas situações desenvolvendo a Síndrome de Burnout, caracterizada por um tipo de estresse ocupacional crônico, onde o indivíduo tem o desgaste profissional, resultando na perda do interesse pelo trabalho.



Por último, situamos o papel do pedagogo na empresa, sua função e importância e sugerir algumas estratégias de atuação que possa resultar na melhoria da qualidade de vida dos funcionários.



















2 O PROCESSO DE TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR







“As traumáticas mudanças pelas quais está passando este país é que a busca da eficiência a todo custo e o excesso de competição entre as empresas estão moendo as pessoas. Do ponto de vista humano é cruel. Do ponto de vista econômico é contraproducente”. (LUTTWAK, 1995, p. 46).







Ao longo dos anos o processo de trabalho tem sofrido sucessivas mudanças. Iniciando pela economia de subsistência onde o homem produzia somente o que era necessário para o seu próprio consumo e logo depois com os trabalhos artesanais que eram produzidos manualmente e vendidos em uma escala menor, até chegar ao mercado capitalista que vivemos em nossos tempos atuais.



Com a expansão das cidades, milhares de pessoas abandonaram a vida do campo, e vieram para as cidades urbanas em busca de melhores condições de vida através de sua inserção no mercado de trabalho.



No início do século XX, Henry Ford, irá propor a aplicação de uma teoria voltada para a eficiência e controle da produção do trabalhador. Este período é marcado pela produção de carros em grande escala e pelo consumo desenfreado. Este modelo organizacional irá perdurar até a década de 70, quando o mercado de trabalho apresentar mudanças com o aumento da competição, queda nos lucros da empresa, mão-de-obra excedente gerando desemprego, principalmente devido a implantação de novas tecnologias no setor industrial.



As mudanças, a partir daí, irão aparecer não só na área econômica e social, mas também irão refletir na saúde do trabalhador.



Segundo Mattos et alli (1994, p. 43)







As empresas buscam cada vez mais a competitividade, conseqüência da Globalização, a Liberalização (com a economia cada vez mais livre da intervenção do Estado) e a Excelência (estar sempre a frente de seus concorrentes, com inovações e níveis de qualidade de processos, produtos e serviços acima dos demais).







O modelo capitalista organiza o sistema de produção de maneira a restringir a iniciativa do trabalhador, no que se refere ao seu processo de trabalho, organização e em algumas situações o próprio ambiente de trabalho.



Leny Satto (1994, p. 169)







irá propor o conceito de penosidade relacionado a falta de controle no processo de trabalho levando o trabalhador ao sofrimento, não sendo permitido questionar as alterações feitas no processo de trabalho.







Para que o trabalhador tenha um controle sobre suas condições de saúde é necessário que suas necessidades básicas sejam atendidas. Tanto no trabalho, quanto em função do que este mesmo trabalho pode oferecer a sua vida privada. Assim, o trabalho deve proporcionar uma alimentação saudável, moradia adequada, meios de transportes, saúde e educação eficientes, direitos básicos à condição humana.



A saúde do trabalhador fica comprometida, quando este começa a exercer um papel de multifuncionalidade dentro da empresa gerando a fadiga e o desgaste profissional. Estes sintomas alienam o trabalhador do processo produtivo a ponto de gerar danos psicológicos.



Para Sivieri (1994; p.82)







A moderna organização capitalista do processo de trabalho iniciou a era das doenças provocadas pela grande exigência de adaptação do homem ao trabalho, um reflexo do esforço que o trabalhador emprega para adaptar-se a esta situação anormal.







Essas exigências afetam o ritmo físico, psíquico e psicológico do indivíduo gerando as doenças de trabalho, pois são cobrados excessivamente, sempre no intuito de superar a capacidade de adaptação profissional.



Mattos et alli (1994, p.45) ressalta que atualmente o mercado de trabalho sofre mudanças radicais, reduzindo o emprego regular em favor do trabalho temporário ou terceirizado. Assim, atualmente as relações de trabalho incluem: empregados, em tempos parciais, empregados casuais, pessoal com contrato por tempo determinado, temporários, etc.



Desta forma, as condições de trabalho estão cada vez mais precárias devido a terceirização dos setores de trabalho, atingindo principalmente o trabalhador que recebe salários baixos, comprometendo a sua saúde podendo correr risco de sofrer acidentes ou contrair alguma doença no próprio local de trabalho.



No entanto, podemos constatar que a carga excessiva de trabalho, o nível de instabilidade no emprego e a competição exagerada no ambiente de trabalho, irá provocar um aumento de estresse no trabalhador.















3 O SOFRIMENTO PSÍQUICO







Ao longo da história do mundo do trabalho observam-se mudanças significativas, que se acentuaram no século XX, principalmente com as discussões, pesquisas, avanço de novas tecnologias, solicitando e exigindo dos trabalhadores uma adaptação e desempenho seu sempre compatível com as suas possibilidades.



Hoje, é possível observar que as cobranças sobre o trabalhador estão crescendo cada vez mais, exigindo-lhe a máxima competência. No entanto, não há reconhecimento nem valorização de seu trabalho.



O sofrimento psíquico é gerado no trabalhador devido à pressão que é submetido diariamente em busca de lucros, competição, eficácia e da manutenção do emprego. O trabalhador se sente apavorado por não conseguir manter sua energia física e mental adequada para seu desempenho no trabalho, e esse pavor é uma forma em que se manifesta o sofrimento psíquico.



O sofrimento psíquico do profissional é percebido com uma certa clareza, quando o trabalho deixa de ser motivo de prazer, bem estar, satisfação, sentir-se útil, passando a ser lugar de dor, sofrimento e cansaço.



A carga psíquica aumenta quando o trabalhador relata seu trabalho, expondo que não é valorizado, trabalhando de forma mecânica onde ocorre o desgaste tanto físico como emocional, provocando sensações de medo, angústias etc. As condições de trabalho inadequadas, baixa remuneração, prejudicam o bem-estar e a satisfação no ambiente de trabalho.



Os sintomas psíquicos, nomeados como “mentais” e “emocionais”, estão relacionados à diminuição da concentração, memória, confusão, ansiedade, depressão, frustração, medo e impaciência.







3.1 O ESTRESSE







O conceito de estresse surgiu nos anos 30, graças a Hans Selye, endocrinólogo canadense de origem austríaca.



Segundo Selye:







o estresse é um processo vital e fundamental onde pode ser dividido em dois tipos ou seja, quando passamos por mudanças boas, temos o estresse positivo e quando atravessamos alguma fase negativa, estamos vivenciando o estresse negativo.







Com o decorrer dos anos, o ambiente de trabalho vem se modificando e acompanhando o avanço das tecnologias ultrapassando cada vez mais o nível de capacidade de adaptação dos trabalhadores. Os profissionais vivem hoje sob contínua pressão, sendo o tempo todo cobrado não só no trabalho como também na vida de uma maneira geral. O estresse ambiental pode exercer grande influência na maneira como o indivíduo se comporta socialmente, como exemplo, pode torná-lo agressivo.



O desgaste profissional, que as pessoas estão submetidas diariamente, poderá gerar algum tipo de doença. Os modelos expostos são responsáveis pelos seguintes fatores: agentes estressantes de natureza diversas (física, biológica, mecânica, social, etc.), como conjunto de características pessoais temos (tipos de personalidade, modos de reação ao estresse etc.), um conjunto de conseqüências relacionados à saúde do indivíduo (doenças cardiovasculares, perturbações psicológicas etc.) e da organização (absenteísmo, acidentes, produtividade, performance etc.).



Posen (1995) afirma que:







os sintomas físicos do estresse mais comuns são: fadiga, dores de cabeça, insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náusea, tremores e resfriados constantes.







Outros sintomas são apresentados através do pensamento que podem ser representados de forma compulsiva e obsessiva, levando em consideração a angústia e a sensibilidade emocional, tornando o sujeito agressivo e violento. No entanto, os fatores que geram os sintomas depressivos podem estar relacionados ao estresse. Os fatores são: ruído, alterações do sono, sobrecarga, falta de estímulos, mudanças determinadas pela empresa e mudanças devido a novas tecnologias.







A-RUÍDO

O ruído excessivo pode levar ao estresse, provocando irritações, reduzindo o poder de concentração, principalmente nas atividades que apresentam um certo grau de complexidade, o que afetará o desempenho do indivíduo, levando a fadiga física. Podendo também alterar suas funções fisiológicas, como o sistema cardiovascular.







B- ALTERAÇÕES DO SONO

Ocorre através dos trabalhos que são realizados em turnos alternados. Fazendo com que aumente o desgaste do trabalhador, afetando seu desempenho, pois a sensação de cansaço e sono é maior quando estão acordados, alternando o Ciclo Arcodiano, provocando reações no corpo, fazendo alterações tanto na vida familiar e social do sujeito. Vale ressaltar que o bruxismo e o sonambulismo também estão ligados ao distúrbio do sono, devido ao estresse que sofrem no trabalho.







C- SOBRECARGA

A sobrecarga de tarefas no trabalho é considerada como um dos motivos que leva ao estresse no ambiente de trabalho. Isso ocorre devido as exigências que são impostas no ambiente e que sempre ultrapassam nosso limite de capacidade de adaptação. Os quatros fatores que resultam na sobrecarga no trabalho são:



1. urgência do tempo;



2. responsabilidade excessiva;



3. falta de apoio;



4. expectativas contínuas de nós mesmos e daqueles que estão a nossa volta







D- FALTA DE ESTÍMULOS

A falta de estímulos no trabalho poderá ocorrer quando as tarefas se tornam repetitivas, não tendo um certo grau de importância, resultando em um profissional altamente estressado e desmotivado com o seu trabalho. Com relação as doenças, o profissional poderá sofrer ataques cardíacos.







E- MUDANÇAS DETERMINADAS PELA EMPRESA

Esse tipo de mudança pode ser feita pela chefia ou devido à nova direção da empresa, isto é, por causa de alguma aquisição da empresa. Geralmente esse tipo de mudança gera estresse e insegurança.



No entanto, o profissional que sofre com as mudanças da empresa, passa por momentos de ansiedade afinal, “teme” que seu setor seja “desmanchado”. É importante constatar que mesmo que isso aconteça fazendo com que o trabalhador perca a sua posição, ele continuará sendo o mesmo profissional, onde seus conhecimentos continuarão intactos e a empresa poderá aproveitá-lo da melhor forma possível, na Organização.







F- MUDANÇAS DEVIDO A NOVAS TECNOLOGIAS

Com as conseqüentes inovações tecnológicas, aliadas a velocidade das mudanças no processo produtivo, fazendo com que as pessoas desenvolvam competências e habilidades. Dessa forma, as pessoas são solicitadas a se adaptarem as novas exigências impostas no mercado de trabalho.



Dessa forma sofrerão mais com esse tipo de mudança, as pessoas que estejam passando por uma certa instabilidade afetiva, que apresentam características de insegurança, ansiedade e indivíduos que não conseguem se adaptar com as novas tecnologias.



Segundo Bernick (1997) “qualquer mudança de vida, boa ou ruim, pode ser considerada como um fator que leva ao estresse.”



Antigamente o setor industrial era tido como alto índice de estresse, onde se tinha adoecimento no trabalho. Hoje, estudos voltados nessa área mostram que profissionais ligados a educação, a saúde, executivos e profissionais liberais com características no aspecto organizacional do trabalho e com elevada capacidade de autogerenciamento de suas carreiras.



Sendo assim é possível se observar que os fatores que geram os riscos à saúde e ao sofrimento psíquico estão crescendo cada vez mais devido às exigências que são impostas ao profissional, que muitas vezes ultrapassam sua capacidade de adaptação.



Outro fator que pode ser considerado estressante é a perda do emprego, pois gera dificuldades financeiras, refletindo na identidade social do indivíduo. Afinal, o trabalho satisfaz tornando o sujeito importante e reconhecido socialmente.Com o desemprego, a sua identidade pessoal e a sua auto - estima também são abaladas.



A ausência do trabalho pode estar associada à queda do nível da qualidade de vida, que como conseqüência terá a saúde abalada. Esses fatores resultarão no sofrimento mental, ficando mais frágil, se afastando do grupo social de lazer. São manifestados comportamentos negativos como a agressão, a rispidez e a apatia.



Além da perda do emprego, a aposentadoria também está relacionada ao tédio, a solidão e a e a inutilidade provocando esses fatores que são altamente estressantes. No entanto, o indivíduo perdeu o seu espaço no sistema produtivo, sendo necessário uma recolocação e reorganização, na sua vida e no setor profissional.



Segundo França e Rodrigues (1997),







pessoas que apresentam um elevado nível de ansiedade dentro de si, se “acostumaram” a lidar com o estresse no trabalho, usando este como um meio de descarga e tensão sendo chamados de workaholics, ou seja, “viciados no trabalho”. Estes profissionais têm uma enorme dificuldade de desfrutar de seu tempo livre, seja na família, no lazer ou até mesmo no seu convívio social.







Este tipo de profissional é muito valorizado no ambiente empresarial e pela sociedade tecnológica, pois são pessoas que tem um rendimento profissional bem elevado. Sendo assim, o estresse passou a ser muito importante no nível de tensão organizacional e pessoal, servindo como qualidade de vida dos funcionários, produtos, serviços e resultados.











3.2 A SÍNDROME DE BURNOUT







O Burnout surgiu em 1974. Quem aplicou este termo foi o psicólogo Fregenbauer, que constatou esta Síndrome em um de seus pacientes que trazia consigo energias negativas, impotência relacionado ao desgaste profissional.



O termo Burnout é uma composição de burn (queimar) e out (fora), ou seja, traduzindo para o português significa “perda de energia” ou “queimar” para fora, fazendo a pessoa adquirir esse tipo de estresse tendo reações físicas e emocionais, passando a apresentar um tipo de comportamento agressivo.



Apesar de ser bastante semelhante ao estresse, o Burnout não deve ser confundido com o mesmo. O Burnout é muito mais perigoso para a saúde. No estresse existem maneiras de controlá-lo. Como exemplo, um trabalhador estressado quando tira férias volta novo para o trabalho, mas isso não acontece com um trabalhador que esteja sofrendo a Síndrome de Burnout. Assim que ele retorna ao trabalho os problemas voltam a surgir novamente.



Definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo devido as longas jornadas de trabalho, faz o indivíduo perder a sua relação com o trabalho, de forma que as coisas deixem de ter importância e que qualquer esforço que faça será inútil.



Qualquer trabalhador pode apresentar o Burnout, porém vale ressaltar que essa Síndrome aparece mais em profissionais que trabalham em atividades onde se tenha responsabilidade pelo outro, seja por sua vida ou por seu desenvolvimento. Essa Síndrome aparece em profissionais que tenham contato interpessoal mais exigente, como é o caso dos profissionais que estão ligados na área da educação e saúde, carcereiros, atendentes públicos, funcionários que dentro da Organização exercem cargos de gerente, diretores, chefias e telemarketing.



O conceito de Burnout pode ser dividido em três dimensões que são:



1. Exaustão emocional - é a situação em que o trabalhador percebe que suas energias estão esgotadas e que não podem dar mais de si mesmo. Surge o aparecimento do cansaço, fica propenso a sofrer acidentes, ansiedade, abuso de álcool, cigarros e outras drogas ilícitas.



2. Despersonalização - desenvolvimento de imagens negativas de si mesmo, junto com um certo cinismo e ironia com as pessoas do seu ambiente de trabalho, com clientes e aparente perda da sensibilidade afetiva.



3. Falta de envolvimento pessoal no trabalho - diminuição da realização afetando a eficiência e a habilidade para a concretização das tarefas, prejudicando seu desempenho profissional.







O Burnout está associado entre o que o trabalhador dá, ou seja, tudo aquilo que investe no trabalho, e o que ele recebe, isto é, reconhecimento de seus supervisores, de sua equipe de trabalho. Muitas vezes, o profissional dá tudo de si e não é valorizado, fazendo com que fique frustrado, tendo a sensação de inutilidade para com o trabalho.



Para Farber (1991),







burnout é uma síndrome do trabalho, que se origina da discrepância da percepção individual entre esforço e conseqüência, percepção esta influenciada por fatores individuais, organizacionais e sociais.







Um profissional que entra em Burnout, assume um comportamento de frieza com seus clientes e com quem trabalha. As relações pessoais são cortadas, passam a agir como se estivessem em contato com objetos, também ocorre a perda da sensibilidade afetiva, deixando de se responsabilizar pelos problemas e dificuldades das pessoas que cuidam.



Análise feita mostra que a violência, a falta de segurança no emprego, burocracia no processo de trabalho, falta de autonomia, baixos salários, tendência a se isolar das pessoas que trabalham, falta de apoio, também são fatores que estão relacionados ao Burnout.



A falta de perspectiva com relação a ascensão na carreira profissional, pode gerar sentimentos de ansiedade e frustração constante no cotidiano do trabalho. Quando o profissional está afetado pela Síndrome, as idéias pessimistas, o medo, predominam com uma certa influência no local de trabalho.











3.2.1 QUADRO CLÍNICO







O quadro clínico de Burnout apresenta os seguintes sintomas:



. Esgotamento emocional, perda da sensibilidade afetiva;



. Perda fácil do senso de humor, perda de memória, cansaço permanente, dificuldade para levantar-se pela manhã, em algumas pacientes, ocorre a suspensão da menstruação e dores gastrointestinais;



. Despersonalização que resulta com atitudes negativas que a pessoa faz da sua própria imagem, relação de cinismo, e ironia para com as pessoas na Organização;



. Manifestações emocionais relacionadas com a falta de realização emocional, esgotamento profissional, sentimento de frustração, baixa auto – estima, desmotivação para com o trabalho;



. Reações físicas: fadiga, problemas de hipertensão arterial, ataques cardíacos, perda de peso, dores de cabeça, dores nas costas etc.;



. Reações comportamentais: consumo acelerado de cigarros, álcool, café e drogas ilícitas. Apresenta comportamentos irritadiços e violentos, distanciamento afetivo dos clientes e dos colegas de trabalho, perda da concentração, elevada taxa de absenteísmo ocupacional e constantes conflitos interpessoais tanto no trabalho como no próprio ambiente familiar.



França e Rodrigues (1997) recomenda como forma de prevenção do Burnout, modificar com uma certa freqüência a atividade de rotina, evitando a monotonia, reduzindo o excesso de longas jornadas de trabalho, melhorar na qualidade das relações sociais, das condições físicas no trabalho e investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores.



Pesquisas informam que as mulheres têm mais chance do que os homens de adquirir a Síndrome de Burnout devido a sua dupla jornada de trabalho que administra tanto as tarefas do emprego, como as tarefas domiciliares.



É importante enfatizar que quando o trabalhador é diagnosticado com Burnout é necessário que este seja afastado do emprego e que , durante este período, continue recebendo todas as sua garantias.



















4 A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EMPRESARIAL E A QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR







“Um dos propósitos da Pedagogia na Empresa é a de qualificar todo o pessoal da organização nas áreas administrativas, operacional, gerencial, elevando a qualidade e produtividade organizacional”.







(FERREIRA, 1995, p. 8)







De acordo com a Lei 6297/75, o pedagogo empresarial atua na área de desenvolvimento de Recursos Humanos enfatizando o treinamento dos funcionários, auxiliando na formação destes, com o objetivo de atender aos Propósitos da Organização.



Assim, na sua atuação na empresa deve buscar modificar o comportamento dos trabalhadores de modo que estes melhorem tanto suas qualidades no desempenho profissional, como no desempenho pessoal.



De acordo com (FERREIRA, 1995, p.8)







Assim, em sua busca pela qualidade e produtividade no trabalho deve, o pedagogo empresarial, ter como perspectiva transmitir conhecimentos, identificar as habilidades e competências realizando um levantamento das necessidades de Treinamento.







A sociedade contemporânea apresenta modificações significativas em todos os aspectos do conhecimento. E o mundo do trabalho sofre com as sucessivas modificações nas suas relações, tornando-se cada vez mais exigente, em decorrência de certos fatores como: a globalização, contínua competitividade, a demanda de profissionais criativos e eficazes.



Neste contexto, se insere boa parte das preocupações do pedagogo empresarial, cabe a ele, com o objetivo de estimular a forma contínua e atualizada dos profissionais da empresa, desenvolver técnicas de competência e habilidades essenciais para uma boa qualificação profissional.



Para Bonz (1981, p. 18) as competências se referem a:



1. Competência na atuação - Consiste em utilizar ferramentas de aprendizagem, dando a possibilidade do trabalhador por em prática os conhecimentos que foram adquiridos.



2. Competência técnica – são utilizados recursos como debates, dando a oportunidade do trabalhador elaborar e apresentar projetos individuais.



3. Competência para a auto-aprendizagem – utiliza técnicas e recursos que auxiliam na forma de como aprender a trabalhar.



4. Competência social - estimula a formação de trabalhos em equipes para a concretização das tarefas. Enfatizando a troca de experiências possibilitando o enriquecimento do trabalho.



Desta forma ao atuar na empresa, precisa identificar claramente quais serão os métodos utilizados, evitando o desperdício de recursos que não serão úteis para a empresa. Ao elaborar um treinamento, os recursos são estabelecidos de forma que sejam envolvidas tanto a competência técnica como a competência social. Segundo Chiavenato (1989) levando-se em conta algumas necessidades como:



. Modificar a rotina de trabalho, de modo que não prejudique as ações estratégicas;



. Elaboração de objetivos claros e precisos para as ações mais importantes;



. Buscar ações que tenham como objetivo a participação de todos.



O aperfeiçoamento contínuo do indivíduo deve ser feito na perspectiva do desenvolvimento, onde o pedagogo apóia o aperfeiçoamento individual dos indivíduos. Sendo assim, a criatividade exerce um grande papel na Organização.



De acordo com Chiavenato (1989)







a criatividade nas organizações pode ser desenvolvida através de algumas ações como: encorajar e aceitar a mudança; impulsionar novas idéias; proporcionar maior interação; tolerar os erros; definir objetivos claros e liberdade para alcançá-los, oferecendo o reconhecimento.







Para tanto, é necessário que se estabeleça uma “harmonia” entre os diferentes departamentos organizacionais, respeitando os estímulos, as opiniões de cada pessoa que compõe a equipe.



Como nos lembra Chiavenato (1989)







o incentivo e a motivação, são considerados excelentes fatores na promoção do bom desempenho dos funcionários, principalmente se esse incentivo vier por parte da chefia, oferecendo estímulos que irão melhorar o seu desempenho.







Cabe ao pedagogo verificar e realizar um levantamento das necessidades com o objetivo de identificar se o profissional precisa ou não de um treinamento. Suprindo, se for o caso, carências que o funcionário apresente, possibilitando uma preparação profissional adequada, melhorando seu desempenho e qualidade de vida da empresa.



Segundo Chiavenato, (1989)







na execução do treinamento alguns fatores são considerados como sendo, a cooperação das chefias e coordenações da empresa, a qualidade e preparo dos instrutores e perfil do aprendizes. Assim o treinamento resultará em uma resposta lógica a um quadro de condições ambientais extremamente mutáveis e a novos requisitos para a sobrevivência e crescimento organizacional.







Como se observa o pedagogo na empresa produz e difunde o conhecimento, exercendo o seu papel de educador. Para atingir seus objetivos, atendendo não só a empresa, mais o seu principal capital – o trabalhador deve realizar uma observação criteriosa do comportamento dos seus profissionais. Isto envolve não só aquilo que diz respeito diretamente a produtividade, mas todos os fatores que contribuem para o sucesso e eficiência das metas estabelecidas pela organização.



Neste contexto se insere a preocupação deste trabalho. Diante do exposto até o momento com relação à saúde do trabalhador e das respostas à ambientes hostis, considerando que o pedagogo na empresa possa contribuir de maneira significativa para a integração do trabalhador favorecendo um clima saudável na organização para a preservação da saúde e bem estar do profissional. Saúde aqui entendida em uma perspectiva global.



Segundo C. Dejours (1985) “A saúde para cada homem, mulher ou criança é ter meros de traços em cunho pessoal e original, em direção ao bem estar físico, psíquico e social”.



Desta forma, os comportamentos apresentados por outros profissionais tais como: absenteísmo, aumento de acidentes de trabalho, desmotivação e queixas constantes, que como já vimos, indicam a presença da Síndrome de Burnout e do Estresse Ocupacional poderia ser precedidos e muito rapidamente identificados dentro das Organizações.



Procurando identificar os fatores ambientais e organizacionais que podem contribuir para esta situação, encontramos: a falta de comunicação adequada, clima de intriga entre os funcionários, longas jornadas de trabalho sem a adição de horas extras, competição acirrada entre os próprios funcionários, falta de cooperação para com a equipe, sobrecarga de tarefas e a pressão do tempo.



Segundo Teixeira (2005)







em uma empresa de grande porte a solução encontrada para a resolução do problema envolve a melhora dos canais de comunicação, trazendo a maior eficiência para o trabalho, resolução dos conflitos interpessoais, redução na carga horária de trabalho, adição de horas extras e premiações como incentivo para os funcionários.







Desta forma, a empresa obteve uma redução de 20% das doenças psicossomáticas no setor administrativo (relacionado à gerência), e 18% no nível operacional. Gerando a queda do absenteísmo, aumento da auto-estima, funcionários mais dispostos e motivados com o seu trabalho, melhorando assim o ambiente de trabalho.



É importante mais uma vez, ressaltar que a qualidade de vida é fundamental na sobrevivência das empresas e essa qualidade pode ser alcançada através da remuneração adequada, promoção do desenvolvimento social, melhoria nas condições de trabalho e a oferta de oportunidades de crescimento dentro da organização.



Segundo Teixeira (2005) “algumas empresas investem na saúde de seus funcionários possibilitando a prática de atividades físicas. Os benefícios da atividade física para a saúde incluem”:



- Redução do estresse;



- Redução das doenças cardiovasculares;



- Melhora na auto-estima, tornando as pessoas mais ativas e motivadas.







Estudos mostram que se todos os dias a pessoa praticar pelo menos trinta minutos de exercício de forma contínua e acumulada, trará ótimos resultados para a saúde.



Com os benefícios psicossociais destacam-se:



. Diminuição da depressão;



. aumento da auto-estima;



. Alívio do estresse;



. Aumento do bem-estar;



. Redução do isolamento social.



Benefícios para a Empresa:



- Aumento da produtividade;



- Redução do índice de absenteísmo;



- Diminuição dos custos médicos;



- Diminuição da rotatividade na mão-de-obra;



- Melhora da imagem dos funcionários.







As competências adquiridas pelo pedagogo, relacionadas nas áreas: de atuação, técnica, auto-aprendizagem e social, terão como objetivo oferecer uma preparação adequada ao trabalhador, de acordo com a sua respectiva área profissional, podendo despertar as habilidades latentes do trabalhador, melhorando a sua qualificação, o que certamente proporcionará um melhor desempenho no trabalho. Trazendo benefícios para a sua saúde, tornando o ambiente de trabalho mais agradável.



















5 CONSIDERAÇÕES FINAIS







Diante do trabalho apresentado, podemos observar que as mudanças que estão ocorrendo no processo de trabalho estão afetando diretamente na vida do trabalhador causando males a sua saúde.



As exigências que o mercado de trabalho está impondo ao trabalhador estão em algumas situações levando ao sofrimento psíquico. Alguns fatores foram identificados tais como: o ruído, que é considerado um fator altamente prejudicial, influenciando no seu comportamento tornando-o mais agressivo, a fadiga incessante, falta de perspectivas, frustração, ansiedade, depressão, medo, desmotivação com o trabalho, sobrecarga de tarefas, fazendo com que o rendimento do trabalhador seja insuficiente, pelo fato deste não conseguir dar conta de cumprir suas tarefas que são repetitivas.



Desta forma, as cobranças constantes que ocorrem no ambiente de trabalho, faz com que o trabalhador apresente o estresse quando seu desempenho profissional passa a ser insuficiente, levando-o a insatisfação com a sua atividade. Podendo também levar o profissional a adquirir a Síndrome de Burnout, onde ocorre a desmotivação do trabalho, fazendo com que a pessoa que apresente esta Síndrome queira “abandonar” seu trabalho.



Concluindo em relação a atuação do pedagogo empresarial sendo este dotado de competências, tem como objetivo usá-las de modo que possa identificar as habilidades dos trabalhadores, elevando seu nível produtivo, melhorando sua capacitação e propiciando um ambiente de trabalho estável e saudável.















REFERÊNCIA









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